quarta-feira, 8 de abril de 2009

Apontamentos da sustentabilidade do processo de hidrólise na produção de Etanol

A disponibilidade de resíduos celulósicos, composta de folhas, resíduos de madeira e outros, têm despertado os interesses para seu uso como matéria-prima na produção de álcool. Esse processo é denominado de hidrólise. O desenvolvimento tecnológico da hidrólise, processo que, se viabilizado comercialmente, ampliará a possibilidade de utilização do etanol como combustível substituto da gasolina, é um dos temas da atualidade para o setor sucroalcooleiro.

O processo consiste em transformar celulose e a hemicelulose presente nos resíduos agrícolas em açucares, que possam ser então fermentados. A matéria prima, bagaço e a palha da cana-de-açúcar são materiais constituídos por celulose, polímero da glicose; por hemicelulose, formado por açúcares de cinco carbonos, chamados de pentoses, e por lignina, um material estrutural da planta, associado à parede celular vegetal, cuja função é dar rigidez, impermeabilidade e oferecer resistência a ataques microbiológico e mecânico aos tecidos vegetais.

A produção de etanol poderá se ampliar sem aumentar a área plantada. -- objeção importante no debate sobre seu uso como combustível, pela disputa de espaço agricultável com a produção de alimentos. Há duas rotas para a hidrólise — ácida ou enzimática. A diferença entre ambos está no catalisador utilizado no processo. No primeiro caso, o catalisador é um ácido. No segundo, o catalisador são enzimas, moléculas biológicas. Esse método é, provavelmente, o que apresenta maior potencial de desenvolvimento, porém ainda é muito caro.
Segundo o diretor de Combustíveis Alternativos e Biocombustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Antonio Bonomi, um dos desafios constituiu o aumento da sobra de bagaço. Para isso, precisamos garantir que se eleve a quantidade disponível de bagaço e que se agregue a palha, se realmente quisermos dobrar quantidade de álcool produzido por cana processada. Porém, dificilmente a hidrólise terá importância se a sobra de bagaço for de apenas 7%. Esse é o índice médio apresentado no setor sucroalcoolero.
O uso moderno da biomassa dependerá, definitivamente, da viabilização técnica e econômica de alguns novos processos de conversão, ou até mesmo do aumento da escala e da superação de barreiras tecnológicas dos processos tradicionais. Ressaltamos que essa nova rota tecnológica poderá dobrar a produção por hectare. (FAAIJ, et al, 2005, 339p).

Referência bibliográfica:
FAAIJ, André, et al. Novas Tecnologias para os Vetores Modernos de Energia de Biomassas. In: ROSILLO-CALLE , Frank; BAJAY, Sergio; ROTHMAN, Harry. Uso da Biomassa para Produção de energia na Indústria Brasileira. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005, 339-417p.
Inovação Unicamp. Pré-Tratamento e Hidrólise. http://www.inovacao.unicamp.br/etanol/report/ Hidrolise%20Baudel%20Pr%E9%20Tratamento%20e%20Hidr%F3lise.pdf. Acessado em 19/04/2008.
U.S. Department of energy – Energy Efficiency and Renewable Energy Biomass Program. Http://www1.eere.energy.gov/biomass/printable_versions/environmebtal.html. Acessado em 14/09/2007.

Prof. Fabrizio de Almeida Ribeiro
www.fabrizioribeiro.blogspot.com

terça-feira, 7 de abril de 2009

Matriz Energética Brasilieira


O Brasil tem quase metade de sua matriz energética representada por fontes de energia renováveis, um número superior à média mundial, mas a participação de fontes alternativas como a eólica, a solar ou a geotérmica é praticamente nula. Segundo os mais recentes dados oficiais, as fonte renováveis somavam 46,4% da matriz energética nacional em 2007. O maior peso nessa categoria veio da cana-de-açucar, que respondeu por 16% da oferta interna de energia, seguida pela biomassa (basicamente lenha e carvão vegetal), com 15,6%, e pela energia hidráulica e eletricidade (14,7%).

O petróleo e seus derivados, entretanto, ainda representavem o grosso da oferta interna de energia, com uma participação de 36,4%. Entre as demais fontes não-renováveis, o gás natural teve 9,3%; o carvão mineral, 6,2%; e o urânio, 1,4%.

A eólica apareceu apenas quando se falou da oferta interna de energia elétrica, em que apareceu com 0,1% (a de origem hídrica teve fatia de 77%). No auge do apagão elétrico, em 2001, chegou-se a criar um incentivo para a instalação de até 1.100MW de energia gerada a partir do vento, mas pouquíssimos projetos avançaram.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tem sinalizado incentivos fiscais para o desenvolvimento das energias eólica e solar no país. O petróleo, no entanto, dificulmente deixará o posto de principal combustível para a economia brasileira. Sobretudo após a descoberta de reservas gigantescas do produto no litoral brasileiro, nas chamadas camadas pré-sal.

Prof. Fabrizio de Almeida Ribeiro
Fonte: MME,2008.